A contratação dos serviços de assistência emergencial objetiva conceder aos condutores dos veículos locados, segurança e conforto em eventuais problemas vivenciados por estes, em casos de panes e sinistros. Ocorre que com a crise instalada na assistência 24 horas, esse objetivo nem sempre tem sido alcançado, deixando o condutor do veículo em situação de risco e descontente com a locadora e, esta, com a seguradora, uma vez que a expectativa de pronto atendimento às necessidades com que se deparam, se transforma num momento de muito estresse.
Embora sensibilizados com os problemas vivenciados por seus segurados, o fato é que as Seguradoras não estão conseguindo superar as dificuldades que estão encontrando com os prestadores de serviços de guincho, e de outros que são consequentes, como táxi.
Além da demora na chegada do guincho ao local do evento, o que irrita profundamente os usuários, o problema se agrava quando a seguradora “não consegue” encontrar um prestador para o serviço demandado, e transfere essa responsabilidade para o condutor do veículo que tem potencializado o seu nível de estresse, de risco e desconforto. É que não é do seu metiê contratar esses serviços, vivenciando dificuldades de localização de prestador para executar o serviço emergencial, agravado muitas vezes pela exigência de pagamento antecipado, que não raras vezes o usuário não dispõe do recurso.
O que se tem observado reiteradamente, é que transferido para o condutor do veículo a contratação particular do serviço de guincho e de táxi, este o consegue contratar quase sempre em tempo recorde. Como isso pode acontecer? A seguradora não consegue identificar o prestador para realizar o atendimento, mas o condutor consegue?
O que se deduz, como principal motivo para esse problema, é o embate que está havendo entre os prestadores de serviços de assistência 24 horas e as seguradoras, sendo o motivo exclusivamente econômico.
É que da parte dos prestadores desses serviços, estes querem o ajuste nos preços praticados pelas seguradoras e, estas, por sua vez, argumentando os elevados custos decorrentes de sinistros e panes, se dizem impossibilitadas de assim proceder, por não haver margem para ajustes nos preços, reivindicados pela rede.
Como resultado desse embate, os segurados que pagaram o prêmio devido, para ter como contrapartida o serviço de assistência 24 horas, se veem desamparados num momento emergencial. Não importa, para os segurados, quem nessa cadeia de negócios está certo ou errado, o que precisam é que o contrato de seguro seja cumprido, na íntegra, afinal pagaram pela cobertura.
Os corretores de seguros, também estão vivenciando momentos muito difíceis, pois muitas das vezes ficam impotentes para gerar a solução para o problema demandado pelo seu segurado. É a estes profissionais que o segurado recorre em busca de ajuda na solução do problema. Com isso, os desgastes na imagem desses profissionais e os custos para interagir na solução dos problemas, têm sido elevados, pois nem sempre o segurado compreende que o corretor de seguros tem limitações para intervir no processo e gerar a solução.
As entidades representativas do segmento de corretores de seguros e das seguradoras, cientes da gravidade do problema, têm debatido soluções para resolver essa questão de extrema relevância. Urge que encontrem uma saída urgente.
Quanto aos riscos a que estão expostos, não só os condutores dos veículos, como também as Locadoras, pela ineficácia na prestação do serviço de assistência pelas Seguradoras, é oportuno destacar os mais relevantes:
Para os condutores em especial, mas não único, quando a necessidade ocorre em horário noturno e em locais de risco:
Para as Locadoras:
Embora alertados para essas possíveis consequências, observa-se que alguns executivos de seguradoras não conseguem avaliar corretamente os riscos a que estão sujeitando a Companhia, expondo-a a responder por todos os custos decorrentes do não cumprimento do contrato de seguro, dentre outros, em particular os supra elencados, inclusive em relação à imagem do segurado e à sua própria imagem, se o evento tiver desfecho trágico e de grande repercussão na mídia.
Até que essa crise seja superada, convém que as Locadoras adotem uma atitude preventiva, buscando orientar e disponibilizar acesso de contato aos locatários e/ou condutores dos veículos, com o fim de os apoiarem em situações emergenciais, e assim minimizarem os efeitos danosos que possam daí decorrer.
Ildebrando T. S. Gozzo
Diretor Geral da MULTIASSIST Consultoria e Corretora de Seguros Ltda.
Pós-graduado em Administração de Seguros pela PUC-RJ, Corretor de Seguros Habilitado pela FUNENSEG, Bacharel em Ciências Contábeis pelo Centro de Ensino Superior de São Carlos, formado pelo Instituto Franchising/Louisiana State University e em Direito Aplicado ao Seguro, pela UNISINCOR, e com Curso de LGPD para Corretoras de Seguros. É Vice-Presidente da Associação Comercial e Industrial de Bauru e Diretor da Regional Bauru do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo – SINCOR/SP.
(Artigo publicado originalmente no site do Sindloc Minas Gerais, em 01/03/2022).
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